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- A Europa na Mochila: Chegando em Madrid
Depois de mais de onze horas de vôo saindo de São Paulo, eis que chego, em 2011, ao Aeroporto de Madrid. Minha primeira sensação é o alívio de ter, finalmente, pisado em chão firme. Poder levantar da cadeira e esticar o corpo depois de uma viagem tão longa é tão satisfatório quanto tirar os sapatos apertados depois de uma extensa caminhada. O bumbum, que já estava adquirindo um novo formato quadrado, também agradece.
E aí vem o espanto e a primeira onda de medo: como uma garota de 19 anos que nunca havia morado sozinha na vida poderia cruzar o mundo com o objetivo de morar na pequena cidade de Coimbra, Portugal? De repente, a responsabilidade pesou nas minhas costas mais que a mochila e a mala de 32kg que me acompanhavam.
O espanto bateu o olho naquele lugar desconhecido e tremeu: eu não sabia falar espanhol. De uma hora pra outra, como se eu tivesse cruzado o guarda-roupa para Nárnia, um mundo cheio de luzes e palavras diferentes tinha virado a minha realidade. A maioria das placas das lojas estava em espanhol. Resolvi pedir informações em um balcão. Tentei, apavorada, tanto português quanto inglês. A moça do aeroporto respondeu em espanhol.
Eu estava cansada da viagem e ainda fraca pela minha recente descoberta de ter cinetose (enjôo durante longas viagens). Eu não era capaz de compreender aquele idioma e também não estava enxergando propriamente, não tinha conseguido comer e nem dormir durante o vôo. Olhei para cima buscando alguma resposta divina: o que eu faço? E então percebo estar num lugar imenso e de arquitetura estranhíssima. Um teto amarelo canário ligado a umas estruturas ovaladas e umas coisas que só-Deus-sabe-o-que penduradas nele. Teria eu sido abduzida pelos aliens?
Não, era só o Aeroporto Internacional de Madrid |
Tren Subterrâneo = Metrô :D |
As escadas "Troll" |
Quando eu cheguei, estava morta de fome e de sede por ter passado mal no avião. Eu me aproximava da barra e olhava para baixo e via as lojas de comida logo abaixo de mim. Gastei mais de 30 minutos para conseguir encontrar o caminho até elas. Estava começando a achar que elas faziam parte de uma miragem, daquelas típicas de deserto, mas de cunho moderno. Era como se encontrar uma lanchonete no térreo do aeroporto fosse o prêmio por conseguir chegar sã e salva (e você descobre que presente de Grego foi esse depois que paga €4,50 pelo suco).
Entrada da sala de cirurgia alienígena |
Ainda teria que esperar cerca de 6 horas para embarcar no avião que me levaria até Lisboa. Deitei num desses banquinhos aí em cima e tentei dormir para descansar e passar o tempo. Então descobri um dos "instintos de brasileiros" que causa muito estranhamento na Europa: o medo de ser assaltado. Como eu poderia dormir sozinha, num lugar público carregando dinheiro e todos os meus pertences?
Pregar o olho foi difícil demais, mas não é impossível. Algum tempo a mais e você começa a adquirir a tranquilidade que o Europeu tem com relação à questão da segurança.
Mas isso eu só senti mesmo quando já estava morando em Coimbra.
Próxima parada? Aeroporto de Lisboa!
Até lá.
Atenção: Nenhuma das imagens é de minha autoria.
Quando comecei a ler, lembrei do livro "Anna e O Beijo Francês" e pensei: "Minha amiga tava vivendo uma história como as que a gente lê". Fico muito feliz de ler as coisas que você escreve, te admiro bastante, por toda sua trajetória, seu desejo de crescer, pelo seu talento e pela humildade de aceitar uma pessoa que nunca viu pessoalmente para dividir tudo isso. Obrigada. Ansiosa pela continuação.
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